Retorno. Ou não.

Não sei por onde começar e talvez, por isso, as ideias fiquem confusas e ninguém além de mim mesma consiga entender o que escrevo...porém, nesse momento, não me importo muito...porque preciso colocar pra fora do peito o que me sufoca.


Há mais de um ano sinto como se minha única utilidade neste plano seja trabalhar...produzir e contribuir financeiramente com as despesas de casa. A importância de uma pessoa está mesmo relacionada somente a isto? Quero dizer...sem dinheiro ou poder aquisitivo não significamos nada? Não somos ninguém? Não há quem me cobre além de mim...e isso é profundamente conflitante, já que eu mesma acredito que somos seres para além da questão capitalista...já estou em confusão mental, talvez?


Essa situação juntou-se à outra: meu coração partido. Pode parecer coisa pouca, ou sem relevância...mas um coração partido dói pra cacete, tá?! Se você já teve um, entende sobre o que falo. E não me refiro às decepções de adolescência, onde a cada semestre a gente encontra um novo amor da nossa vida...já não se trata disso e sinceramente, que pena!


Como se não bastasse, carrego a exaustão de uma mãe que tem sobre seus ombros toda a responsabilidade da cria...um trabalho que me exige tempo integral, sete dias da semana e sem horário para término...não tá fácil. Exausta é meu primeiro nome.


Quando comecei a me acolher pelas escolhas erradas que fiz há uns anos, já tinha chorado e passado muitas noites em claro...criado muitas rugas e uma mecha enorme de cabelos brancos que, hoje em dia, até gosto. A questão é que eu não sei lidar muito bem com todas essas cargas todos os dias e...tudo bem. Não sou uma máquina nem pretendo ser...mas as vezes, só quero chorar...sem ouvir conselhos ou sugestões de como posso resolver ou buscar alternativas....eu só quero chorar muito e deixar pelo menos que as lágrimas do dia encontrem meus pés e não tenha que ouvir ninguém, só sentir carinho, afeto, um abraço...vale até uma cerveja ou quem sabe um café. 


Nem todos os dias os conselhos são bons de se ouvir. E por mais que o conselheiro só queira seu melhor, o que a gente procura é só um ombro pra chorar, sem ser questionado sobre as possibilidades e tentativas já feitas. Claro que já pensei nelas, lógico. E sigo tentando...do contrário, já nem estaria viva aqui pra escrever esse monte de besteiras. 


Tenho tido pequenas crises de agonia. Digo agonia porque não sou a especialista para chamar de ansiedade, apesar de acreditar que sim, o é. 

Tenho tido noites difíceis de sono. 

Tenho tido tardes difíceis de enfrentar. 

Tenho sofrido demais e chorado pra cachorro. E sim, esse ano já morri...sinto muito, Belchior.

Ao fim do dia canto um trecho de Milton Nascimento - e lá se vai mais um dia - na esperança (rara) de que o amanhã vai ser diferente e talvez até menos pior. 


Sigamos.  


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